domingo, 3 de abril de 2011

MISTER CARLOS CARVALHAL SOBRE LIDERANÇA

Liderar uma organização ou um grupo de homens tem tanto de difícil como de aliciante.


Fazê-lo num contexto de extrema dificuldade é um desafio para super-homens. Ao longo da minha vida e vivência desportiva tenho-me debatido com os mais diversos contextos. Por vezes os contextos são extremamente complicados: mau ambiente dos adeptos para com a equipa; mau ambiente social entre os jogadores; fraco apoio e protecção da administração ou direcção; forte agressividade e hostilidade da comunicação social para com a equipa e/ou treinador, etc… existe um inúmero conjunto de situações que podem fazer com que a liderança seja colocada à prova quase que ao limite!


O que pode então um líder fazer neste contexto de enorme agressividade?


A primeira palavra que me ocorre é JUNTAR! Sim, juntar pessoas! Jogadores, departamento médico, rouparia, administrativos que acompanham o dia-a-dia da equipa, directores, administradores, adeptos… Ao caminharmos para este primeiro objectivo vamos perceber claramente quem se quer “juntar” a “nós – equipa” que temos objectivos para cumprir!

As primeiras surpresas acontecem e temos que ser implacáveis e frontais com quem não quer vir para a “guerra” em comum com a equipa, definindo claramente as regras de funcionamento. Implacáveis para quem não tem comportamentos que privilegiem os interesses da equipa, e definidos ou redefinidos os objectivos, interessa separarem o fundamental do acessório.

Existe muito “ruído” exterior ao grupo, mas é com os jogadores e com as pessoas que gravitam no dia-a-dia, que apoiam o seu trabalho, que se podem ganhar jogos.

Por sua vez, só ganhando jogos é que terminam as crises!

Assim, o fundamental é a melhoria das competências colectivas e individuais da equipa, tudo o resto é… importante, mas acessório! É fulcral focalizarmo-nos essencialmente dentro da estrutura, colocar toda a gente a trabalhar para os jogadores no sentido destes evidenciarem a capacidade de se concentrar e focar no essencial… melhorar para ser melhor, para ganhar! A tendência é “olhar para longe” quando o que os jogadores necessitam é de pequenos passos, que lhe permitam ir ganhando confiança!


Por exemplo, falar repetidamente do objectivo final (ser campeão, prova da UEFA, não descer de divisão), quando a equipa nem confiança tem para ganhar um jogo… treino!


Esta confiança para melhorar competências passa muito pelo conhecimento específico do seu líder. O jogador “sente” com muita facilidade se o líder o pode ajudar a melhorar competências individuais e colectivas que o podem levar a ganhar e ser melhor jogador. Este é um princípio importante de um líder, a sedução pela competência! A sedução de ser capaz de convencer um jogador que com as suas ideias a equipa vai ser mais forte e ele vai evoluir como jogador. Torna-se importantíssima para que gradativamente a confiança e as melhorias sejam visíveis. Este processo de sedução implica frontalidade, implica confiança e que se fale sempre a verdade aos jogadores.

Outros aspectos que devemos aproveitar são o facto de transformar a agressividade exterior em energia a nosso favor.

Para um bom líder não há nada melhor que um “inimigo” no exterior para defrontar! Conquistando o grupo, e existindo um forte elo emocional, o desafio é aliciante e com “inimigos” declarados é fácil a motivação e a mobilização de todos. Superado o mau momento, é importante retirar dividendos! Fazer lembrar ao grupo periodicamente o que se passou e o quanto se sofreu para superar essas dificuldades. O trabalho que todos tivemos para vencer e para que as pessoas reconhecessem o nosso trabalho; fazer desta a nossa “bandeira”, a qual importa transportar constantemente na nossa consciência.


O mais importante para a superação é o “fundamental”! É esta a grande ilação que temos que retirar destas experiências!